quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Contrastes

  • Fora de casa

   O Outono já se acostumou mas o sol brilha lá fora como um pote de ouro no final de um arco-íris. As minhas vizinhas aproveitam para estender as suas batas e os pombos aproveitam para lhes cagar em cima, tal como fizeram com os meus calções há umas semanas atrás. 

  • Dentro de casa
Amanhã há uma festa na minha escola mas na sexta-de manhã tenho um teste. Podia tentar fazer um dia antes com a turma de pós-laboral, mas para além de não ser boa a inventar desculpas, acabei de descobrir mais 38 slides para estudar. Mas gostava muito de ir à festa! Mas não posso tirar má nota! 

Acabei de saber que não estou inscrita a 3 cadeiras a que pensava estar. Se entretanto não as conseguir fazer vou ter que as deixar para o ano. Se eu as deixar para o ano vou ter que ficar 5 anos a estudar, porque há um limite de créditos. E aí o sol vai brilhar, mas num sítio onde não é costume seu.




25 Panic GIFs to Calm Your Nerves

domingo, 20 de outubro de 2013

sábado, 28 de setembro de 2013

Avó, you're doing it wrong

   O meu coração por vezes parte-se quando vejo a forma como a minha mãe "adestra" o meu sobrinho de seis anos. Como sou filha dela, dou por mim a comparar os meus desatinos com aquilo que ela transmite à criança, pois tal como dizia o outro, a culpa é dos pais.

"Estás com fominha? A avó vai fazer sopinha, com cenourinha, batatinha, uma cebolinha...mas antes vamos tomar banhinho para ficares fresquinho e poderes vestir o pijaminha"
Tenho um receio oculto que ele se esqueça de falar Português e fale apenas Portuguesinho. Felizmente, apesar de ela falar com ele com muitos diminutivos, ele fala com ela normalmente, sendo que por vezes chega mesmo a corrigi-la, lembrando-a que já não é bebé.

"Já papaste a chichinha toda?"
Palavras como "papar" e "chicha" já não ficam bem com crianças que sabem utilizar advérbios de modo no início das frases. 



"Olha..li no jornal que um menino de três anos estava a brincar com parafusos, pô-los na boca e morreu. Já viste? Os parafusos asfixiaram-no e ele morreu, era mais pequenino que tu! Tu não brincas com parafusos, pois não?"
Há muitas formas de dizer às crianças que não se deve brincar com parafusos. Colocar a imagem na nossa cabeça de um menino a morrer asfixiado por um, não é uma delas. 

"Um menino com dois aninhos morreu asfixiado com um pedaço de salsicha. Temos de mastigar bem a comida, de um momento para o outro podemos morrer asfixiados, já viste?"
Durante muito tempo da minha vida eu não comi presunto porque tinha medo de sufocar. O meu sobrinho agora vai temer salsichas.


"Este menino de cinco anos morreu afogado na piscina! Estás a ver por que é que a avó está sempre a dizer para teres cuidado?"
Sim, de certeza que ele está a ver e a partir de agora vai pensar duas vezes antes de se atirar das escadas da piscina.

"Aquilo em cima do camião não são tapetes! Aquilo é cortiça, que os senhores tiram das árvores da cortiça que depois vai crescendo e eles voltam a tirar. Arrancam aquilo à volta do tronco, à machadada, e fica assim. Depois é tratada e eles fazem rolhas para garrafas. Aquilo também serve para fazer outras coisas, mas primeiro os senhores têm de a arrancar das árvores e colocar em cima dos camiões como aquele para a levarem para a fábrica. Não sabes como são as rolhas das garrafas? Aquilo é cortiça, mas já está tratada. A cortiça por tratar é rugosa"
O meu sobrinho viu um camião carregado de cortiça e perguntou por que razão estava o camião carregado de tapetes. A minha mãe tomou a iniciativa de lhe explicar que aquilo era cortiça. No fim, o meu sobrinho verbalizou aquilo que todos ficaram a pensar.."han!?".
Isto é um exemplo das muitas vezes que presenciei a minha mãe a tentar explicar algo à criança, sem sucesso. Ela utiliza muitas expressões e figuras de estilo, como perífrases e metonímias,  que deixam o pobre rapaz ainda mais confuso, como aquela vez em que ela estava a tentar explicar o que era prisão domiciliária e disse "as pessoas são presas em casa e não podem sair. Se saírem aquilo faz pi pi pi pi lá na polícia".

Podia passar horas a dar exemplos, mas acho que já chega. 



quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O lado positivo de reprovar

Eu, trajada, a entrar numa aula de primeiro ano

A ter que explicar sucessivamente que estava ali porque faltei sempre àquela cadeira

Enquanto aluna de 3.º ano ao ouvir o programa da cadeira

sábado, 21 de setembro de 2013

APELO

Querida, desejo-te a ti e à tua família momentos felizes agora e para sempre, ámen.

Por favor, eu não tenho uma relação formal contigo mas devido à minha difícil situação e circunstâncias do presente, entrei em contacto contigo. Tenho sofrido de cancro do pulmão e resta-me uma curta vida para viver. Decidi doar a minha herança de 6,5 milhões de dólares americanos ao meu único filho e a ti mas tens de me ajudar a cumprir o meu último desejo. De acordo com isto, serás compensada com 50%, enquanto que 30% será doado à criança sem mãe e 20% ser-te-ão confiados até que o meu filho vá para o teu país. Preciso portanto de assistência para mover estes fundos para o teu país antes da minha morte, para que o meu filho possa completar os seus estudos e conseguir aí uma vida melhor.

Angela

  Recebi esta mensagem via Facebook há uma semana. Antes de mais folgo em saber que Portugal se encontra na rota dos grandes investidores e espero sinceramente que isso resulte num país mais próspero e equilibrado. Não sei que incentivos tem o Governo andado a dar, mas tiro-lhes o chapéu. Seguidamente devo confessar que me sinto deveras homenageada por ter sido eleita para esta acção tão magnânima e inesperada. Eu que nunca participo em jogos de azar, que nunca gasto 0,60€ (+IVA) a ligar para o Querida Júlia, serei agraciada com uma quantia tal que poderei chumbar mais umas quantas vezes a Inferência Estatística que terei sempre dinheiro para uma nova matrícula. 

  É difícil decidir qual a parte mais interessante desta mensagem, mas tenho definitivamente de dar destaque a esta mãe. Uma mãe que apesar de se encontrar certamente debilitada e com pouco tempo de vida, preocupa-se acima de tudo com o futuro do filho que a vai ver partir. Numa altura em que milhares de portugueses vêem o futuro do seu país a preto e branco e vão para fora procurar novas oportunidades, há sempre alguém de fora que vê o nosso país como um destino a ter em conta. Vêem o bom que há em nós, levando-os mesmo a abdicar de 7/10 do pecúlio que garante o futuro de qualquer pessoa em qualquer lugar, mesmo naqueles lugares onde o conceito de 'instituição bancária' ainda não seu entrada, em prol de um percurso académico de sucesso no ensino português. É sem dúvida de louvar, até porque para nós que estamos cá e não damos valor àquilo que temos, esta mensagem serve de lição e incentivo. 

  Agora que serei milionária, terei todo o gosto em oferecer dinheiro só porque sim, até porque não quero correr o risco de vir a ser entrevistada pela Judite de Sousa Pós-DivórcioFaltaDepila. No entanto preciso de assistência para assistir a Angela em primeiro lugar. Alguém se oferece? Ámen.


domingo, 8 de setembro de 2013

A tenuidade entre o bom e o mau dos gases

   Na escola aprendemos que a matéria pode apresentar-se na sua forma líquida, sólida ou gasosa. O gás é portanto algo natural, composto por partículas malucas e desorientadas, que podemos encontrar no nosso dia-a-dia. Há inclusive uma lei da física chamada 'lei dos gases ideais', que impõe um conjunto de regras de conduta aos gases para que eles atinjam a perfeição. É quase como se os gases fossem estudar para um colégio católico do século XIX e saíssem de lá os gases que qualquer cientista gostaria de ter.

  Sem determinados gases seria impossível sobrevivermos. Respiramos oxigénio e libertamos dióxido de carbono, também ele essencial. Na maioria das casas as pessoas cozinham com gás e também precisam dele para aquecer a água e para os seus automóveis. Depois temos outro tipo de gases - aqueles que nós libertamos. 

    Sempre que arrotamos, estamos nada mais nada menos que a deitar os gases do nosso estômago cá para fora. E se o fazemos é porque precisamos de o fazer, pois o nosso corpo é que sabe. Não é por acaso que quando alimentamos os bebés, eles têm de arrotar logo depois, pois se não o fizerem correm o risco de vir a ter dores mais tarde. Posto isto, não somos só nós, seres humanos, que arrotamos. Muitos outros mamíferos o fazem, incluindo os cães. Ora, segundo a minha experiência, sempre que um cão arrota as pessoas acham piada. Não é tanto "oh tão querido, está a libertar gases do estômago porque o organismo dele não os está a conseguir absorver", é mais "oh tão querido, parece uma pessoa". Mas quando uma pessoa arrota, muitos acham rude e ficam enojados..."parece um cão". Mas se um cão é querido porque arrota como uma pessoa, por que razão uma pessoa é rude por arrotar como um cão (ou ainda melhor, como uma pessoa, visto tratar-se de uma)? 

  Em que altura da história, desde o surgimento dos seres humanos até aos dias de hoje, é que o arroto se tornou um sinal de falta de educação na nossa sociedade? E em que idade ele deixa de ser bem aceite,quando começamos a comer comida sólida? E por que é que tenho de pedir perdão caso arrote? É pecado? Devo sentir-me culpada por não ir contra as vontades do meu corpo? Por que hei-de sentir-me constrangida quando o faço ao pé de alguém se esse alguém também o faz? E o que é isso de 'arrotar para dentro'? Foi alguma regra imposta pela ditadura de Salazar que se esqueceram de revogar entretanto?


 Pior que o arroto, só mesmo o subestimado peido ('flato' se formos puritanos e 'pum' se formos mais sensíveis). Também o acto de se peidar é natural, porém os peidos cheiram mal e as pessoas têm tendência a segurá-los quando estão acompanhadas. Eu seguro os meus, tu seguras os teus e a rainha de Inglaterra segura os dela, adiando assim algum constrangimento público. Mas se cheiram mal, por que é que as pessoas se riem? Desde quando é que um 'pum' faz rir as pessoas?

 "AHahHah expeliste um gás pelo orifício pelo qual saem os excrementos!" 

"AHahHah foste incapaz de o reprimir!"

"AHahHah o teu flato exala mau cheiro porque contém enxofre, um gás naturalmente mal cheiroso... devias consumir sabão perfumado, porque é tóxico."