segunda-feira, 25 de março de 2013

Alexandra

    A Alexandra, menina russa que em 2009 deu que falar por ser alvo de disputa entre os pais biológicos russos e os pais portugueses que a acolheram, volta a ser notícia. Desta vez pelas declarações da avó, que pretende impedir que a menina volte a Portugal, pois caso isso aconteça corre o risco de ser transformada em "material biológico":


"No país deles [Portugal], não há tão grande entrada de pessoas como no nosso. No nosso país há muitas nacionalidades, muitos casamentos mistos, mas nesses países há falta de sangue fresco e nascem atrasados mentais. Aí até é permitido irmão e irmã casarem-se, terem filhos. E que crianças nascerão? Por isso querem conseguir outras pessoas. Os filhos serão mais inteligentes do que aqueles que as portuguesas dão à luz"

in Correio da Manhã


    Há mais pessoas a entrar na Rússia que em Portugal? Acho isso pouco provável. Portugal é o maior país do mundo, é 185 vezes maior que a Rússia. No entanto concordo com o resto. Em Portugal não há muitas nacionalidades. Uma vez vi uma senhora a passear um gato persa e acho que isso foi o máximo que já vi até hoje a nível de estrangeiros a cá viver. Corre o mito que há milhares de russos cá imigrados, mas das duas uma: ou andam bem disfarçados, sem sotaque e características evidentes, ou então não existem.

   Lembrei-me agora do escândalo que houve quando D. Isabel casou com o primo D. Afonso V. Primos a contrair matrimónio? Tios e sobrinhas? Naquela época era escandaloso. Hoje em dia até já se casam irmãos uns com os outros e achamos normal. No entanto, se formos um pouco mais longe, Ramsés II casou com quatro filhas. No Antigo Egipto, o casamento com irmãos ou filhos era uma prática comum, mesmo entre deuses. Para quê complicar o que é simples? Pão pão, queijo queijo. Não há cá misturas.

   Em contrapartida os portugueses nascem pouco dados à inteligência, ou seja, nascem atrasados mentais. Em 2010 surgiu uma notícia que dizia que em seis anos só 53 crianças estrangeiras foram adoptadas por portugueses, sendo que em 2008, 92% das crianças eram cabo-verdianas. Naquela altura, a adopção internacional era escolhida por aqueles que não querem estar anos à espera de adoptar uma criança portuguesa. Hoje em dia, a adopção internacional é opção daqueles que querem filhos mais inteligentes, e é também por isso que agora adoptamos crianças russas. Mas por quê agora e por quê os russos? Devido a sermos desprovidos de inteligência, só com a saída do Izmailov do Sporting para o Porto, é que descobrimos que os russos são o supra-sumo da inteligência, mais do que aqueles que são cá dados 'à luz'.

Alexandra com um cachorro, morto posteriormente pelo irmão

"Nós somos patriotas do nosso país. Vivamos aqui mal ou bem, é a nossa pátria. Em primeiro lugar, é preciso pensar na criança"

  Quem me dera que cá também fosse assim. É isto que nos falta. A Alexandra vive com a mãe, os avós, a tia e o irmão numa casa sem casa-de-banho, nem sequer tem canalização. Vivem exclusivamente da reforma da avó e a mãe, com um largo historial de alcoolismo, está internada no hospital. O padrasto abandonou a mãe, pois era vítima de violência por parte da família desta. Do pai, ucraniano, sabe-se que está em Espanha. Há relatos de abusos físicos à menina por parte da mãe, mas temos de pensar primeiro na criança. Mesmo que ela viva bem em Portugal e mal na Rússia, metade do seu sangue é russo. Para o seu bem, é lá que deve viver. Não há outra hipótese. Para o bem e para o mal, mãe é mãe.


  Além disso, os pais de acolhimento da menina não são melhores, pois segundo a avó da menina:

"Eles têm uma casa grande, mas nem sequer é deles, é alugada; o João tem uma fabriqueta qualquer, mas em Portugal há crise e desconhece-se como irá correr o negócio. Sinto as pessoas, senti que João não é o homem que quer mostrar. Ele faz o ar de bom, mas a alma é uma incógnita"

   Viver numa casa grande alugada e ter um negócio próprio do qual se "desconhece como irá correr", para além de não ser muito comum em Portugal, é algo que indica que os senhores não são bons pais para a criança. Em Portugal há crise e a Rússia tem um PIB per capita altíssimo, mesmo sendo inferior ao de países como a Guiné Equatorial, Trinidade e Tobago, China ou mesmo Portugal. Vinte milhões de russos vivem abaixo do limiar da pobreza e a tendência é para que os valores aumentem. Mas temos de ter em conta que a avó da menina sente pessoas. A menina terá um futuro muito mais promissor se viver com alguém com tamanho dom.

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