quinta-feira, 28 de março de 2013

Reportagem TVI - "O Sexo dos Anjos"

"O século XII trouxe uma série de mudanças que vieram influenciar a forma como a sexualidade é construída, em particular, a sexualidade dos mais jovens. Que expectativas têm? Que importância dão à imagem? Qual o impacto das novas tecnologias no desenvolvimento da sexualidade?"
Este foi o mote para a nova reportagem da TVI que retratava a sexualidade vista pela juventude formatada pela sociedade actual (vício das redes sociais, comunicação à distância, novas tecnologias, moda, televisão,  música, cinema...). Falaram com jovens e especialistas. Conseguiram ainda gerar alguma indignação, como foi o caso da Ana Oliveira:

"Boa noite, TVI. Antes de mais, obrigada pela generalização fútil da minha geração. Se já me sentia envergonhada pelo que vejo nas ruas e em todo o lado devido à baixeza da população jovem e à falta de cultura, agora o meu desprezo por esta atingiu o seu auge. Mas, parabéns! PARABÉNS, TVI! Forem vocês que nos fizeram, lembram-se?"  
Estamos perante um caso raro, de uma jovem orfã adoptada pela TVI. Eu sou jovem mas fui feita pelos meus pais e fui educada por eles. O meio que me rodeia influenciou-me também a ser como sou hoje mas lembro-me da minha mãe 'mandar vir' comigo por ver os Morangos com Açúcar. Ela achava aquilo de mau gosto mas eu adorava. Vi as primeiras quatro temporadas, até que comecei a deixar de gostar. Cresci e comecei a gostar de coisas novas, já não me identificava com os Morangos com Açúcar e por isso deixei de ver, tal como me deixei de interessar com a revista 'Bravo'. A Ana Oliveira não seguiu o mesmo caminho e das duas uma: ou foi acorrentada ao sofá e obrigada a ver Morangos com Açúcar a toda a hora ou então só tem a TVI em casa e muito pouco ou nada para fazer.

No entanto não percebi uma coisa. Acusa a TVI de fazer uma generalização fútil enquanto ela própria tem uma percepção fútil da juventude?

"Vocês deram-nos anos de Morangos com Açúcar. Anos a assistir adolescentes com vidas facilitadas, onde tudo é fácil. Toda agente para na escola, mas nunca ninguém estuda! Até engravidar é fácil! Mais! Vocês obrigam-nos a engolir Big Brother's e Casas dos Segredos. Vocês injectam isso diariamente da casa das pessoas, vocês toldam-nos a mentalidade!"
A Ana Oliveira foi obrigada a engolir Big Brother's e Casas dos Segredos. A primeira imagem que me vem à cabeça são aqueles patos e gansos de bico para cima, tubo na goela, a ser alimentados à força para ficarem gordinhos rapidamente e darem lugar a um belo foie gras. A segunda imagem que me ocorre são aquelas meninas que são raptadas por uma rede de prostituição ilegal, pois a queixosa além de ser obrigada a engolir, ainda foi injectada e a sua mentalidade foi-lhe toldada. Engravidar é fácil? Sempre achei que sim, mas depois de ver a Carla a engravidar do pai da Joana (aquela que andava com o Pipo) fiquei com a absoluta certeza - basta um descuido.


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"Estão agora a dar numa de moralistas? A criticar quem segues esses modelos! Contribuíram para a promiscuidade da juventude actual. Lamento, lamento muito. Mas para vocês, não deixa de ser óptimo. Sabem investir no que vende! Sabem como alimentar a ralé!"
Fiquei com a ligeira sensação que a jornalista desta reportagem era produtora dos MCA, mas  sensações à parte...raios partam a TVI por influenciar todos os jovens de forma tão negativa. O pior é que o mal é geral, não acontece só dentro do nosso país, por isso raios partam também a TVI Internacional! Estamos perante o canal de maior influência nos jovens, qual MTV qual quê!. Os jovens do século XIX eram iguais aos jovens do século XV. Os jovens sempre tiveram os mesmo valores e sempre se identificaram com as mesmas coisas. Os do século XXI já pensam diferente porque vêem a TVI. Mas se a TVI sabe investir no que vende, será que a sua programação influencia a sociedade ou é a sociedade que influencia aquilo em que a TVI investe? É óbvio que é a TVI que influencia a sociedade, a política, a cultura. Foi fundada por entidades ligadas à Igreja e mesmo depois de D. Dinis tanto se esforçar para retirar poder ao clero, a palavra deste sempre prevaleceu nas decisões tomadas em prol do país. Hoje em dia esse poder é representado por um canal privado que se destina à ralé.

"Descansem, que certamente daqui a uns anos terão público e participantes para os futuros reality shows!"
Se eu fosse a TVI ficaria muito mais descansada depois disto. Normalmente estes programas têm duas dezenas de participantes, escolhidos dentre duas centenas. Ter duas dezenas escolhidas dentre um milhão faz toda a diferença.

"Sinceramente...cultivem-se e depois ajudem a nação a crescer! Para os futuros governantes não sejam imbecis que não sabem conjugar verbos! Para que tenhamos bons professores, bons médicos, bons juízes e advogados, bons ministros e outro tanto de bons profissionais necessários à organização de um país".
Sinceramente...esta menina é um poço de cultura e sabe conjugar os verbos todos. Ora aqui está uma solução a ser apresentada a Pedro Passos Coelho para fazer a nação crescer: investir na programação da TVI. Já que a Educação tem cada vez mais cortes, pode ser que tenhamos encontrado aqui uma mina de ouro. Basicamente o que a Ana Oliveira pretende é que a TVI actue como um canal público, sem que os contribuintes paguem pelo serviço. Genial.

"Repito: lamento, lamento muito, por ver que estudo horas a fio para ver a televisão dar valor às meninas de mini-saia e de copo na mão. Também me questiono onde andarão os pais delas!"
Acredito que a reportagem teria sido mais interessante se fosse feita unicamente com a Ana Oliveira a estudar, de calças e lápis na mão. Não sei o que ela estuda, mas de certeza que não é jornalismo. Talvez se o fizesse não teria uma opinião não desenquadrada da realidade e se há coisa coisa pior que ser-se burro, é ser-se burro a acreditar o contrário. 

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