domingo, 8 de setembro de 2013

A tenuidade entre o bom e o mau dos gases

   Na escola aprendemos que a matéria pode apresentar-se na sua forma líquida, sólida ou gasosa. O gás é portanto algo natural, composto por partículas malucas e desorientadas, que podemos encontrar no nosso dia-a-dia. Há inclusive uma lei da física chamada 'lei dos gases ideais', que impõe um conjunto de regras de conduta aos gases para que eles atinjam a perfeição. É quase como se os gases fossem estudar para um colégio católico do século XIX e saíssem de lá os gases que qualquer cientista gostaria de ter.

  Sem determinados gases seria impossível sobrevivermos. Respiramos oxigénio e libertamos dióxido de carbono, também ele essencial. Na maioria das casas as pessoas cozinham com gás e também precisam dele para aquecer a água e para os seus automóveis. Depois temos outro tipo de gases - aqueles que nós libertamos. 

    Sempre que arrotamos, estamos nada mais nada menos que a deitar os gases do nosso estômago cá para fora. E se o fazemos é porque precisamos de o fazer, pois o nosso corpo é que sabe. Não é por acaso que quando alimentamos os bebés, eles têm de arrotar logo depois, pois se não o fizerem correm o risco de vir a ter dores mais tarde. Posto isto, não somos só nós, seres humanos, que arrotamos. Muitos outros mamíferos o fazem, incluindo os cães. Ora, segundo a minha experiência, sempre que um cão arrota as pessoas acham piada. Não é tanto "oh tão querido, está a libertar gases do estômago porque o organismo dele não os está a conseguir absorver", é mais "oh tão querido, parece uma pessoa". Mas quando uma pessoa arrota, muitos acham rude e ficam enojados..."parece um cão". Mas se um cão é querido porque arrota como uma pessoa, por que razão uma pessoa é rude por arrotar como um cão (ou ainda melhor, como uma pessoa, visto tratar-se de uma)? 

  Em que altura da história, desde o surgimento dos seres humanos até aos dias de hoje, é que o arroto se tornou um sinal de falta de educação na nossa sociedade? E em que idade ele deixa de ser bem aceite,quando começamos a comer comida sólida? E por que é que tenho de pedir perdão caso arrote? É pecado? Devo sentir-me culpada por não ir contra as vontades do meu corpo? Por que hei-de sentir-me constrangida quando o faço ao pé de alguém se esse alguém também o faz? E o que é isso de 'arrotar para dentro'? Foi alguma regra imposta pela ditadura de Salazar que se esqueceram de revogar entretanto?


 Pior que o arroto, só mesmo o subestimado peido ('flato' se formos puritanos e 'pum' se formos mais sensíveis). Também o acto de se peidar é natural, porém os peidos cheiram mal e as pessoas têm tendência a segurá-los quando estão acompanhadas. Eu seguro os meus, tu seguras os teus e a rainha de Inglaterra segura os dela, adiando assim algum constrangimento público. Mas se cheiram mal, por que é que as pessoas se riem? Desde quando é que um 'pum' faz rir as pessoas?

 "AHahHah expeliste um gás pelo orifício pelo qual saem os excrementos!" 

"AHahHah foste incapaz de o reprimir!"

"AHahHah o teu flato exala mau cheiro porque contém enxofre, um gás naturalmente mal cheiroso... devias consumir sabão perfumado, porque é tóxico."



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