segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Grândola Vila Morena

"A Portuguesa, como hino nacional e no contexto atual, não apresenta um significado relevante para os portugueses pois não tem nexo expressões como: "Contra os canhões marchar, marchar". Desde o 25 de Abril de 1974 até aos nossos dias, e hoje está presente no sentimento dos portugueses, a musica do Ilustre e Digno Zeca Afonso, Grândola Vila Morena, que do nosso ponto de vista deveria ser o Hino Nacional, uma vez que é necessário estar frequentemente a relembrar quem nos governa, que é o Povo quem mais ordena. Esta musica tem significado e os portugueses de todas as idades cantam sentindo a letra. Por isso vimos por este meio, recolher assinaturas para entregar posteriormente à Assembleia da Republica, esta petição para alteração do Hino Nacional."

Site 'Petição Pública'


    Ora, de forma sucinta, um hino nacional é um símbolo que representa o país e o povo, tal como a bandeira. No nosso caso, "A Portuguesa" é uma marcha que alude ao Ultimato Britânico e a expressão "Contra os canhões marchar, marchar", não se refere a canhões propriamente ditos, mas sim aos Bretões. Os canhões representam metaforicamente tudo aquilo contra ao qual nós portugueses, marchámos e havemos de continuar  a marchar. 

   A música "Grândola Vila Morena" não é um hino. É uma música que fala sobre uma vila alentejana com 15 mil habitantes que tem das melhores babas de camelo que já comi na vida e pouco mais. É uma música de Zeca Afonso, entre tantas outras, mas por acaso foi escolhida por alguns membros do Movimento das Forças Armadas como uma das senhas do 25 de Abril, pela simples razão de que eles precisavam de uma música banal e pouco ou nada óbvia, daí que a primeira senha tenha sido "E Depois do Adeus" de Paulo de Carvalho. Se fosse hoje, os militares tomariam posições ao som de Rihanna e iniciariam os movimentos ao ritmo do Gangnam Style. Banal e pouco óbvio. Mesmo o Zeca Afonso é só mais um daqueles que defenderam a liberdade que hoje em dia não é respeitada, não é um herói nem o supra-sumo da musicalidade portuguesa. 

   Portugal tem um milénio de história, para quê resumi-los às azinheiras de Grândola? Que nexo teria uma música como esta enquanto hino? O povo é quem mais ordena porque é ele que vota nos paspalhos que nos governam, graças àqueles que puseram um ponto final no regime ditatorial. Que eu saiba ainda não vivemos numa anarquia.
    E se os espanhóis não se lembrassem de cantar esta música (que foi tocada em Espanha primeiro que em Portugal, tendo sido lá a sua apresentação), haveria algum "patriota" com ideia tão ridícula? Se alguém não se tivesse lembrado de a cantar a um político, haveria alguém a lembrar-se que esta música existia? 

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